Por Prof. Arnaldo José de Castro
Desembarcou
na Baixada Fluminense em janeiro de 1965 um jovem conscrito: Gênesis Pereira
Tôrres. Longo caminho, que percorreria de ânimo inquebrantável e fé sempre
renovada, se lhe deparava. Para trás, fazia algum tempo, ficaram os sítios da
infância de peripécias indeléveis. A flora, a fauna, os cursos transparentes de
água, despertaram-lhe o amor da natureza. A doutrina cristã, de confissão
metodista, repercutiu-lhe nos talentos e se manifestaria em decidida vocação
para as questões sócio-históricas.
Nas Minas Gerais das tradições libertárias e
berço natal, realizou os estudos fundamentais em Carangola e Coronel
Fabriciano. A tudo estava atento, participando das conversas, das reuniões de
família, acústica da vida comunitária, social e política.
De
temperamento participativo, ingressa no Grêmio Estudantil, e com colegas funda
um jornal, veiculo de defesa e reivindicações dos interesses da categoria e
formador de opinião. Ampliando os horizontes, passa às preocupações políticas
no Movimento de Cultura Popular – MCP sob a liderança da União Mineira de
Estudantes – UMES, consumindo literatura socialista. Urgia transformar a
sociedade, extinguir a injustiça social, a corrupção, a exploração...
Já
de curso fundamental concluído, ingressa no serviço militar, e nele permanecem
por cinco anos. Nesse tempo, de repressão, arbítrio e violência – a ordem
constitucional e democrática fora quebrada – presencia o tenso quotidiano dos
presos. Cuida de fazer o segundo grau, ao mesmo tempo em que se desincumbe com
aplicação das tarefas castrenses.
O
tempo de serviço militar chega ao termo. Entende haver incompatibilidade
ideológica com a prática repressiva dominante, que tolhia o livre trânsito das
opiniões. Não lhe passa despercebida a responsabilidade da decisão, que o
impulsiona e o lança ao desafio da vocação a que não pode resistir. O
magistério o atrai e ele vai cursar História. Acredita com todas as veras do
coração no poder transformador do ensino em prol do desenvolvimento da
consciência democrática implícita na de cidadania.
Fixa
residência em Duque de Caxias, aceitando alunos que se preparavam para os
concursos de escolas militares. Ao mesmo tempo em que cursa a universidade,
expande a atividade docente em bairros do Rio de Janeiro e cercanias. Em pouco,
leciona nas principais instituições: Colégio Santo Antonio (Duque de Caxias),
Associação Fluminense de Ensino – AFE, Pré-Vestibular Hélio Alonso e, associado
a colegas acadêmicos, funda o Curso Supletivo e de Pré-Vestibular Ok-Dinâmico.
Formado, ingressa no magistério estadual e Municipal de Duque de Caxias.
Em
1986, ocupa a chefia do Gabinete do Prefeito, em seguida o cargo de secretário
de Educação e Cultura (1987-1988) e vereador à Câmara Municipal de São João de
Meriti (1988-1996). Relator do capítulo sobre Educação, Cultura, Esporte, Lazer
e Tecnologia da Lei Orgânica, criou na mesma lei o 4º Distrito de Araruama.
Bacharela-se em Direito (1999).
Buscando
o fio condutor da evolução histórica da Baixada Fluminense – para uma futura
síntese – o pesquisador encontrou
apreciáveis referências nas unidades formadoras da região. Nova Iguaçu, Duque
de Caxias, Nilópolis, Magé, a despeito das incuráveis dificuldades publicas e
privadas para investimentos em produção e divulgação de conhecimentos
históricos, e outros, sempre tiveram autores abnegados. Ao trabalho de pesquisa
e divulgação, aliavam a iniciativa de preservar os fastos e equipamentos
culturais: jornais, revistas, folhetos, coletâneas, livros de ata e registros,
etc.
Apercebido
teoricamente dos recursos da sua ciência, o historiador Gênesis Tôrres, dotado
do senso de organização e iniciativa,
curou de institucionalizar o projeto de revisão, sistematização,
pesquisa, recuperação da memória documental, produção e atualização permanente
de conhecimento histórico da Baixada Fluminense. Longe de uma ruptura entre os
historiadores do presente e do passado, propõe a retomada da obra realizada e
legada, dando-lhe continuidade em reconhecimento aos inegáveis méritos dos
predecessores.
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